domingo, 26 de maio de 2013

Isis Valverde conta que ficou louca quando soube do teste para Maria Lúcia, de ‘Faroeste caboclo’: ‘Quis muito esse papel’


Isis Valverde e Fabrício Boliveira como Maria Lúcia e João do Santo Cristo em “Faroeste caboclo”
Isis Valverde e Fabrício Boliveira como Maria Lúcia e João do Santo Cristo em “Faroeste caboclo” Foto: divulgação

Rafael Nascimento
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‘Jeremias, eu sou homem. Coisa que você não é, e não atiro pelas costas, não...”. Difícil encontrar alguém que nunca tenha tentado cantar alguns dos 159 versos que narram a saga de João de Santo Cristo, consagrada pelo timbre grave de Renato Russo, líder da Legião Urbana.
Baseado no hit, o filme “Faroeste caboclo”, dirigido por René Sampaio, chega às telonas na próxima quinta-feira, dia 30, com a missão de contar a história de personagens que já estão no imaginário popular e agradar a integrantes e herdeiros da “Geração Coca-cola”. “Quando soube do teste, fiquei louca. Quis muito esse papel”, conta Isis Valverde, a Maria Lúcia da história: “Fui bem acolhida. Por ser minha primeira vez no cinema, dá medo de ter algum tipo de rejeição, de ser deixada de lado. Mas me senti em casa”.
Ambientada nos anos 80, a produção apresenta a musa da canção como uma menina de classe média que se apaixona por João de Santo Cristo, interpretado por Fabrício Boliveira, e deixa injuriado o perigoso traficante Jeremias (Felipe Adib), que morre de amores por ela. Vez por outra, nos diálogos, Maria Lúcia alterna bastões de cigarro e maconha, num longa que retrata a relação de jovens rebeldes com as drogas.
Assim como seu par em cena, Fabrício Boliveira também ficou animado em protagonizar uma história que esteve sempre em seu imaginário. Ele vê Santo Cristo como uma metáfora da própria vida de Renato Russo. “Acho que o personagem era um alter ego de Renato, que lidava com uma sociedade em que não se encaixava. Esse homem marginalizado, preto, analfabeto e pobre é um espelho de como ele se sentia em relação aos valores e ao comportamento da juventude burguesa com que ele convivia”, filosofa Boliveira.
Isis conta que a imersão da equipe nesse universo surtiu efeito direto na atuação. O diretor deixou os atores livres em cena e, algumas vezes, eles até saíam do script: “Houve tomadas em que eu e Fabrício criamos diálogos que não estavam no roteiro e eles acabaram ficando na edição final”.
Diferentemente de Maria Lúcia, filha do senador Ney - que marca o último trabalho do ator Marcos Paulo, morto em novembro do ano passado - Isis garante que teve uma adolescência tranquila e nunca deu trabalho aos pais. “Ninguém acredita, mas eu era muito tímida. Só usava moletom e cabelo preso. Tinha vergonha de pedir até um chocolate a alguém”, brinca a mineira de 26 anos que, na época, por influência da mãe, aprendeu a gostar das músicas de Renato Russo.
Fã assumido da Legião Urbana, Fabrício, de 31, conta que as canções da banda também fizeram parte de sua juventude. “Tinha 15 anos quando escutei ‘Faroeste caboclo’ pela primeira vez. Na época, eu namorava uma garota que gostava muito da música. Amava quando ela cantava para mim”, lembra o baiano, que até hoje ouve as composições do cantor: “Não é só na adolescência que essas músicas funcionam como válvula de escape. Acho o Renato um grande letrista”.
“Faroeste caboclo” é o primeiro longa de René Sampaio, de 38 anos. Desde que se deparou com o canção pela primeira vez, o brasiliense vislumbrou o que está vivendo agora. “Era uma tarde quente e seca em Brasília. Ouvi o rádio e pensei: ‘Vou fazer esse filme quando for um diretor’. Deu certo!”, conta ele que, na ocasião, estava com 14 anos. Mesmo com o sonho realizado, Sampaio diz que o desafio de contar a história é grande: “Nunca vou alcançar o que essa canção representa para as pessoas. Ela emociona o público profundamente. Esse filme me escolheu e não eu a ele”.


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