quarta-feira, 12 de junho de 2013

Brasil tem 257,7 mil crianças e adolescentes no trabalho doméstico


RIO – O Brasil tem hoje 257.692 crianças e adolescentes no trabalho doméstico. Considerado desde 2008 como uma das piores formas de trabalho infantil, portanto proibido para menores de 18 anos, está concentrado na zona urbana, na Região Nordeste, entre as meninas e entre os negros. Um trabalho que, segundo a coordenadora do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação doTrabalho Infantil, Isa de Oliveira, é marcado pela iniquidade de gênero e de raça. O Fórum lançou nesta quarta-feira, Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, amplo estudo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicíliios (Pnad), do IBGE:
— O que nos preocupa é que houve pouca redução no trabalho infantil doméstico. Em quatro anos, conseguimos retirar 67 mil crianças desse trabalho. É pouco. Em 2008, ele representava 7,2% de todo o trabalho infantil. Em 2011, três anos depois, essa parcela baixou apenas para 7%. Em 2008, havia 327 mil nesse trabalho proibido.
As meninas e jovens respondem por 93,7% do universo de trabalhadores de 5 a 17 anos. E 67% das crianças e adolescentes no trabalho dentro de casa são negras. Uma parcela maior do que se encontra no total de trabalhadores infantis. Nesse conjunto, os negros são 60%. Nas regiões metropolitanas, essa parcela de negros no trabalho doméstico sobe para 76,5%. O gênero também difere. Os meninos são maioria no trabalho infantil, mas não é assim nas atividades dentro de casa.
No Nordeste, aumento expressivo
Apesar da queda global, segundo o estudo, houve estados onde houve aumento expressivo das meninas e meninos trabalhadores domésticos, como em Alagoas (39,7%), Piauí (122,9%), Rio Grande do Norte (81,1%), e Espírito Santo (87,8%).
Mas houve regiões onde a redução tornou praticamente residual esse tipo de trabalho infantil, com Roraima (queda de 68,5%), Distrito Federal (-73%), locais onde não chega a mil pessoas nesse trabalho. Houve estados em que a redução foi superior a 50%, como em Santa Catarina (-62%) e Pernambuco (-55,9%).
Outra preocupação de Isa diz respeito à escolarização desses trabalhadores. Mais de 20% estão fora da escola.
— Sem dúvida, o trabalho infantil doméstico compromete a escolarização. Normalmente, frequenta-se as aulas à noite depois de longa jornada de trabalho. Essas crianças e jovens não terão qualificação para buscar um trabalho melhor — alerta Isa.
Quase metade sustenta família
Ela afirma que é necessária ação conjunta entre todos os ministérios para acelerar a redução do trabalho infantil. Auxílio à família para que os adultos possam gerar renda e não dependam do dinheiro das crianças é uma das medidas que a coordenadora defende:
— Pesquisas mostram que 132 mil crianças trabalhadoras respondem pelo sustento da família.
E a busca ativa dessas crianças é outra atitude para que o Brasil consiga erradicar todas as formas de trabalho infantil até 2020. O trabalho doméstico foi incluído nas piores formas de trabalho para crianças e jovens por expor os trabalhadores a riscos de esforço físico intenso, isolamento, abuso físico, psicológico e sexual, longas jornadas de trabalho, trabalho noturno, calor e exposição ao fogo. O Brasil se comprometeu a erradicar esse tipo de trabalho até 2015, o que especialistas não acreditam ser possível.
FONTE JORNAL EXTRA

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