O governo pensa algum tipo de socorro às empresas de
Eike Batista, que sempre
foi citado como empresário símbolo de prosperidade da economia
brasileira
A cada notícia sobre um eventual colapso das empresas do grupo X, do
megaempresário Eike Batista, as cidades de Campos, São
João da Barra e outras da região começam a se preocupar com o futuro do Porto do
Açu, que passou a ser uma esperança de fonte de empregos e desenvolvimento para
a região. O governo Dilma Rousseff também já demonstrou preocupação com as
empresas do grupo X.
Esta semana, mais uma informação sobre a queda na
cotação das ações da petroleira de Eike, a OGX. De R$ 11,31, no seu lançamento
em 2008, à humilhante cotação abaixo de R$ 1, ontem. Os papéis fecharam em alta
de 0,96%, a R$ 1,05, depois da cotação de R$ 0,97.
Na mesma semana em que deixou a lista dos 200 maiores
bilionários do planeta, da revista ‘Forbes’, e de ver ações começarem a
despencar, as ações desceram ao seu mais baixo patamar desde que estrearam na
Bovespa, há cinco anos. Eike informou ontem que não tem intenção de vender mais
ações.
A utilização do superporto do Açu pela Petrobrás vem
sendo discutida reservadamente pelo comando da petroleira. Não há na costa
fluminense nenhum porto disponível com capacidade apropriada para servir de base
à produção do pré-sal da Bacia de Campos. O porto inicialmente previsto, a ser
construído em Maricá, enfrenta objeções ambientais por parte de setores do
governo estadual.
Além da questão logística – o porto do Açu é o mais
próximo aos campos petrolíferos de Campos -, um outro fator, talvez mais
importante até, aproxima a Petrobrás ao futuro porto controlado pelo
megaempresário Eike Batista: o governo Dilma Rousseff está preocupado que um
eventual colapso das empresas do grupo X possa afetar a imagem do Brasil no
exterior e minar a disposição dos empresários de investirem no
País.
Há uma discussão interna quanto até onde o governo
pode ir para ajudar o empresário a superar a crise. Uma proposta é a Petrobrás
assumir o Açu, o que, de acordo com a avaliação de alguns dos que estudam o
assunto no governo, impulsionará os investimentos do grupo
X.
Em 19 de março, o diretor de Exploração e Produção da
Petrobrás, José Formigli Filho, sem dar detalhes da negociação, afirmou que o
emprego do Açu como base do pré-sal está em estudos pela petroleira, assim como
áreas no Espírito Santo, no litoral sul do Rio e na costa
paulista.
Após dias seguidos de queda, as ações da OGX
conseguiram nesta segunda-feira uma recuperação considerada excelente. As ações
da OGX, a petroleira de Eike, chegaram a registrar queda superior a 13%, mas
fecharam o dia com decréscimo de pouco mais de 1%. Em um ano, as ações da OGX
caíram 88,5%. Em um mês, 46%.
Uma fonte do governo afirmou que ainda não está
decidido o tipo de socorro às empresas do grupo X. “Não significa que o governo
vai ajudar, mas de fato há uma preocupação grande do governo com o Eike. O
problema dele pode afetar a imagem do Brasil”,
comentou.
Eike, por muito tempo, foi indicado pela imprensa
nacional e estrangeira como empresário símbolo da prosperidade da economia
brasileira. Mas as empresas do grupo têm sofrido forte queda no mercado por
conta da desistência de parceiros estrangeiros em seus
projetos.
Em 2012, a siderúrgica chinesa Wuhan Iron and Steel
Corporation (Wisco), desistiu da parceria com a MMX no Açu, onde montariam um
complexo siderúrgico. A estatal da China alegou que Eike não construiu a
infraestrutura necessária (ferrovias e terminais portuários) para garantir o
projeto.
Eike esteve em Brasília recentemente para conversar
com Dilma. Este ano, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel, foram acusados por parlamentares de tentar
transferir o estaleiro da companhia Jurong (Cingapura), projetado para o
Espírito Santo, para o Açu, como forma de ajuda a
Eike.
Sem comentários:
Enviar um comentário