terça-feira, 11 de junho de 2013

Toniquices do Pereira

 

O campista Tonico Pereira, que aparece todas as semanas (quintas-feiras) na tela da Rede Globo de Televisão vivendo o hilariante Mendonça do programa “A Grande Família”, vai lançar na próxima sexta-feira, às 18h, na Câmara Municipal de Campos, o livro “Primeiro (e talvez último) almanaque à mão das Toniquices do Pereira” composto de textos veiculados em seu blog.
Quanto ao lançamento em sua cidade, observa que “Campos sempre me propôs expectativas, não só por ser minha terra mas também por ser uma terra muito única em desigualdades sociais e por ter uma política ao mesmo tempo vítima e proporcionadora dessas desigualdades. De qualquer maneira, Campos me deu régua e compasso”. Tanto isso é verdade que se mantém ligado à cidade como “torcedor fanático” do Goytacaz Futebol Clube, onde jogou quando era adolescente.
Como todo jovem do interior, um dia se arriscou e foi para a cidade grande. Assim fez Tonico Pereira deixando a outrora pacata planície campista pela vida agitada do Rio de Janeiro, morando inicialmente em Niterói. Sempre buscou o teatro, mas antes do conseguir espaço nesta área exerceu várias atividades indo de dono de peixaria e botequim até a loja de parafusos. Reconhece, no entanto, “que todas me deram ou me dão prejuízo: o que me sustenta é o ator.”
Mantém há tempo contrato com a Globo e sobre a possibilidade de “A Grande Família” sair do ar no final do ano, mostra-se tranquilo e aguarda decisão da emissora sobre seu futuro. Contudo, fez questão de salientar que “sou um funcionário perfeitamente feliz com a empresa que me emprega e esperaria que ela me destinasse algum outro trabalho. A Globo, sou agradecido. Já me salvou a vida inúmeras vezes.” Tonico fez incursões no cinema, mas considera o teatro a sua base permitindo as  participações em outros campos da representação artística.
No livro que irá lançar há um texto onde conta sua relação com uma cambaxirra. Era ainda criança quando a avistou  abandonada e resolveu cuidar dela. Além de alimentá-la regularmente escolheu um lugar especial para guardá-la: na cabeça agasalhada por sua farta cabeleira. Ia ao armazém — afazeres domésticos determinados pela mãe — levando-a sempre na cabeça. Um dia, sem esperar, a cambaxirra sai de sua cabeça, alça vôo e nunca mais voltou.
— É uma pena que as cambaxirras acabem voando, mas deixando na memória as saudades de um tempo que não volta mais. Isso é sinônimo de vida e crueldade — destacou. Dono de rara sensibilidade, Tonico é capaz de se emocionar com o vôo da cambaxirra como também se revolta com as mazelas sociais. Comprometido com a arte de representar tem, ao longo desses anos, dando uma contribuição decisiva às artes cênicas no nosso país. Morando há anos no Rio de Janeiro se sente um privilegiado por viver defronte à Lagoa Rodrigo de Freitas — aliás, ela aparece em vários textos (observações singulares) do livro.

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