sábado, 27 de julho de 2013

Atores de diferentes religiões falam sobre a visita do Papa ao Rio e confessam: vestir a batina pesa

Joaquim Lopes como padre em 'Uma professora muito maluquinha' Foto: / Divulgação
Luiza Souto
Tamanho do texto A A A
A visita do Papa Francisco ao Brasil não ficará marcada apenas na memória dos católicos. O clima de união entre tantos povos de diferentes línguas, que se apertam para chegar perto do simpático senhor de batina, também comoveu fiéis de outros segmentos, entusiasmados com o clima de paz. Como atores que já interpretaram um padre na TV ou no cinema. Eles viveram na pele a experiência de ver como a proximidade de uma figura com a vestimenta sagrada pode provocar mudanças imediatas no comportamento do outro.
— É interessante o tratamento que você recebe. Três dias antes de começar a gravar, eu pedi o figurino e fiquei passeando por São João Del Rei (MG) com a batina. As pessoas me olhavam diferente, pediam até a bênção. Isso me surpreendeu — conta Joaquim Lopes, que viveu o padre Beto no filme “Uma professora muito maluquinha”.
Marcos Caruso, que deu vida a Padre Inácio na novela “Desejo proibido”, concorda com Joaquim.
— A espiritualidade sempre fez parte da minha vida. Em leituras e práticas. Vestir a batina, mesmo na ficção, nos leva a estar atentos aos compromissos com a espiritualidade — diz Caruso, que foi coroinha aos 9 anos.
Convivi muito com padres e aprendi a valorizar mais minha cor dentro da igreja
Maurício Tizumba
No ar como o Padre Romeu de “Saramandaia”, Maurício Tizumba é candomblecista, mas não vê problema em fazer o papel na novela das 11:
— Convivi muito com padres e aprendi a valorizar mais minha cor dentro da igreja. Sinto-me tranquilo de interpretar essa figura.
Espírita, Genézio de Barros confessa uma mudança de conduta ao usar a batina. O Amadeu de “Amor à vida” já interpretou dois padres em cena, em “O Profeta” e em “Cordel encantado”:
— Quando você vive um representante de qualquer religião, você tem que manter uma conduta, tem que incorporar. Isso influencia nas atitudes, mas não que vá criar uma iniciativa espiritual.
Seguidor do taoísmo, Nuno Leal Maia interpretou um falso padre em “Vamp”, mas, mesmo assim, sentiu o peso da responsabilidade de viver um religioso:
— A batina impõe certo respeito. As pessoas nunca te olham de forma normal.
Maurício Tizumba é o Padre Romeu de 'Saramandaia'
Maurício Tizumba é o Padre Romeu de 'Saramandaia' Foto: Alex Carvalho/Rede Globo/Divulgação /
Maurício Tizumba, o Padre Romeu de “Saramandaia” - “Quando o Papa João Paulo II veio ao Brasil pela primeira vez, fui a Belo Horizonte (MG) vê-lo. A religião é algo muito importante para o mundo. Acho fundamental o que está acontecendo hoje no país. Melhor se mantivéssemos esse clima de paz ao sairmos nas ruas para pedir mudanças. Milagre é quando encontramos alguém com vontade de fazer o bem”.
Nuno Leal Maia, o Padre Garotão de 'Vamp'
Nuno Leal Maia, o Padre Garotão de 'Vamp' Foto: Fernando Quevedo
Nuno Leal Maia, o Padre Garotão de “Vamp” - “Não sou religioso, mas taoísta. Minha religião é uma filosofia. Não tenho costume de ir à igreja. Para mim, igreja é qualquer lugar onde você possa parar para meditar. Acho o Papa uma figura muito carismática, que vem para pregar a paz”, diz o ator.
Joaquim Lopes, o Padre Beto de 'Uma professora muito maluquinha'
Joaquim Lopes, o Padre Beto de 'Uma professora muito maluquinha' Foto: Divulgação
Joaquim Lopes, o Padre Beto de “Uma professora muito maluquinha” - “A fé me emociona muito, mas a instituição, nem tanto. Tenho uma coisa comigo mesmo. De vez em quando, acendo uma vela para os que se foram ou vou à missa para agradecer. Faz uns três meses que fui para São Paulo de carro e resolvi passar em Aparecida do Norte. Entrei e me ajoelhei em frente à Nossa Senhora Aparecida”, lembra.
Genézio de Barros, que fez dois padres na TV, em 'O Profeta' e 'Cordel encantado'
Genézio de Barros, que fez dois padres na TV, em 'O Profeta' e 'Cordel encantado' Foto: Raphael Dias/Rede Globo/Divulgação
Genézio de Barros, que fez dois padres na TV, em “O Profeta” e “Cordel encantado” - “O Papa vem com uma aproximação mais moderna, de levar a Igreja para mais perto das pessoas. Acho isso muito positivo. Qualquer coisa que venha difundir o bem, e o amor, é muito bom. Nasci no interior de São Paulo, e, na minha época, a Igreja tinha muita influência sobre a vida das pessoas. Mas não tenho muita ligação hoje. Sou espírita e tenho uma ligação espiritual acentuada. Acredito na vida após a morte, que nada é coincidência, que tudo tem um propósito”.
Marcos Caruso, o Padre Inácio de 'Desejo proibido'
Marcos Caruso, o Padre Inácio de 'Desejo proibido' Foto: João Miguel Júnior/Rede Globo/Divulgação
Marcos Caruso, o Padre Inácio de “Desejo proibido” - Religioso desde criança, o ator foi coroinha aos 9 anos, em São Paulo. “O que me fascinava na época era estar diante do público, mais do que propriamente a religiosidade, apesar de a minha família ser muito católica”, diz o ator, satisfeito com a visita do Papa: “A figura dele é muito emblemática. Todo aquele que prega a paz é sempre muito bem-vindo. Sinto a presença de uma força superior nas pequenas coisas”.



Sem comentários:

Enviar um comentário