quarta-feira, 3 de julho de 2013

‘Cabruncos’, médicos e catadores de lixo em ato público

Pauta de reivindicações é extensa, manifestantes foram até a Câmara
 Mauro de Souza / Vagner Basílio

Pauta de reivindicações é extensa, manifestantes foram até a Câmara

“Da copa eu abro mão, quero dinheiro pra Saúde e Educação”, foi com esse grito que cerca de 300 participantes do movimento “Cabruncos Livres” foram mais uma vez às ruas de Campos na noite desta quarta-feira (03/07). Desta vez, o discurso é mais voltado à Prefeitura de Campos, os “Cabruncos” pedem ficha limpa para ocupantes de cargos públicos, reabertura de escolas na zona rural e melhorias na Saúde. Eles também pedem orçamento participativo e mais transparência nos gastos públicos.
"Todas essas reivindicações são para uma melhor qualidade de vida para a população. O que mais queremos é que o orçamento seja participativo e que o povo saiba onde o dinheiro é investido", disse a estudante e integrante do "Cabruncos" Joana Ribeiro.
Ex-catadores de lixo também adediram a manifestação. Eles reclamam que ficaram desempregados após o fechamento do lixão da Codin. Segundo Maria da Penha Rodrigues, ela que hoje representa a categoria, foi catadora durante 10 anos e que dos 490 catadores que trabalhavam com ela, apenas 100 estariam empregados. Ela também disse que eles lutam na Justiça pelo recebimento de um salário mínimo mensal.
 
O policiamento foi reforçado em frente a Câmara Municipal sessenta policiais militares fizeram a segurança do manifesto. Dentre as reivindicações está também o fim da votação secreta na Câmara.
Por fim alguns manivestantes sentaram no asfalto em frente à Casa de Lei. O presidente da Câmara de Vereadores de Campos propôs receber sete participantes do ato, mas ninguém aceitou a proposta.
Também participaram do ato os ex-candidatos a prefeitura de Campos Makhoul Moussallem (PT) e Erik Schunk (PSOL), e das ex-candidatas a vereadoras Odisséia, Professora Odete e Odisséia.
O movimento denominado “Cabruncos Livres” já realizou dois outros protestos em Campos, nos dias 17 de junho e posteriormente no dia 20.
 
MÉDICOS ADEREM A MANIFESTAÇÃO
Médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas participam do ato que faz parte da grande mobilização nacional pelo SUS. Eles se reuniram às 16h e foram até a Praça do Santíssimo Salvador, onde se juntaram a mobilização dos ‘Cabruncos Livres’. 
Membros da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia do Conselho Regional de Medicina e da Associação dos médicos do Norte e Noroeste participaram do ato.
Dentre as reivindicações do grupo, estão a implementação do plano de carreira, a exigência de revalidação no Brasil dos diplomas de profissionais formados no exterior e a garantia de aplicação de 10% da receita líquida da União para a Saúde. 
O pediatra Pedro Ernesto Simão frisou os pontos que considera mais importantes: “Melhor condição de trabalho é fundamental. Se der isso nós vamos pode continuar atender a população bem igual sempre atendeu, agora chega lá estar superlotado, não tem lugar de colocar o paciente, falta remédio e condições básicas. Muitas vezes o médico não é culpado, mas o familiar que chega lá e não tem leito de UTI vai agredir o médico e não o funcionário”, disse.
O médico ainda apontou que um dos principais problemas é que: “Setor ambulatorial não funciona em Campos, enfermarias estão lotadas de idosos, ontem a noite não tinha maca para colocar paciente nem no corredor do HFM. Não tem respirador, eu vou assistir esse paciente morrer e os familiares vão se revoltar com médico, não é com a Rosinha, com Cabral ou com a Dilma”, disparou o profissional acrescentando ainda que o problema de superlotação é nacional e que a rede não funciona, chegando ao ponto de um paciente ambulatorial se tornar um paciente crônico.
Para resolver o problema, Pedro diz que é preciso investir na saúde, capacitar a rede ambulatorial (postos médicos), melhorar salários e as emergências, que hoje resolvem 100% dos atendimentos de ambulatórios, quando deveria ser de 15%. “O paciente que não consegue atendimento ambulatorial acaba indo para a UPA, às emergências do HGG e HFM e fica até três, cinco e até seis horas esperando. Isso acontece porque não tem atendimento ambulatorial”, disse.
DEFICIENTES AUDITIVOS TAMBÉM PARTICIPAM DO ATO
Um grupo de 20 deficientes auditivos também aderiu ao movimento e está reivindicando autoescola com intérpretes, criação de uma associação dos surdos, direto à escola pública com intérpretes. Segundo a professora e intérprete Cristiane Ribeiro, o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que em Campos existem 12 mil surdos. 
“Faltam professores capacitados para lidar com esse público e estamos aproveitando a mobilização para reivindicar aquilo que representa melhoria para essas pessoas”, finalizou.
 

Postado por: CLÍCIA CRUZ

Fonte: URURAU

Sem comentários:

Enviar um comentário