sábado, 13 de julho de 2013

Natural de Minas, Sepultura se destaca no cenário do rock mundial

Com formação original em BH, o Sepultura soma quase 30 anos de carreira.
“Atualmente somos mais conhecidos fora do Brasil”, conta Paulo Xisto Jr


A parcela de contribuição mineira para o rock mundial está, entre outras inserções artísticas, no grupo Sepultura, atualmente com quase 30 anos de carreira e fama internacional. O baixista Paulo Xisto Jr., integrante desde a formação original da banda, em Belo Horizonte, nos anos 1980, fala das mudanças no rock brasileiro neste sábado (13) em que é comemorado o Dia Mundial do Rock. “A música cresceu naquela época, teve uma ascensão muito grande. Os maiores artistas que nós temos hoje no Brasil são os antigos, que tiveram base naquele período”, analisa, ao lembrar do início da carreira.

“A gente olhava muito o lado internacional; a maior referência dos componentes vinha dos artistas de fora”, explica. Mas o baixista ressalta que no Brasil os Titãs eram um dos grupos que se destacavam entre os roqueiros nacionais. “Era o mais pesado da época”, conta.
Grupo Sepultura (Foto: Gabriel Wickbold/Divulgação)Grupo Sepultura (Foto: Gabriel Wickbold/Divulgação)
A capital mineira, segundo Paulo, sempre foi berço de grandes músicos, embora o espaço para o rock se mostrasse mais restrito. “Ainda hoje, percorrendo a cidade existem clubes de jazz e a cultura musical é muito grande e diversificada”, acredita. “Na minha época a gente dividia ensaio, equipamentos, horários. Havia uma carência muito grande de instrumentos, de grana. Erámos uma comunidade do heavy metal que se unia para fazer acontecer”, resgata na memória.

Quando ganharam espaço, o destino, naturalmente, foi São Paulo. A cidade-natal não despontava para o seguimento musical escolhido por eles como as outras capitais. Mais tarde, uma base de trabalho foi montada nos Estados Unidos, tamanha a demanda internacional. “Atualmente somos mais conhecidos fora do país. Mesmo assim, quando fala-se de Sepultura, as pessoas reconhecem o nome, mesmo que não saibam bem quais são as músicas”, afirma. Mas é preciso lembrar que a longa estrada se faz também da experiência. “O amadurecimento é constante. Cada show é uma experiência nova. Ela é sempre tocada de uma maneira diferente”, ressalta.

Sobre as mudanças no estilo musical ao longo do tempo, Paulo Xisto Jr. crê nos ciclos naturais de todo ritmo, embora, para ele, o rock guarde um público mais fiel e com um alinhamento mais conectado com as raízes do estilo. “Sempre muda. Sempre tem um ciclo. É aquele avô que gostava de Led Zeppelin e iniciou o filho, e o neto está curtindo agora. Passa de geração para geração”, afirma. E acrescenta: “No exterior também é assim. Perpetua, mas mantém nível para a tradição do rock in roll. O rock nunca vai acabar. Ele tem espaço desde que começou. Todo mundo tem o sangue do rock na veia”.

Quando fala da cidade-natal, Xisto esboça a saudade de casa: “Belo Horizonte representa todo o começo da nossa trajetória. Sempre que tenho um intervalo maior, vou a BH”. A expansão da banda para uma carreira internacional foi a consequência do sucesso. “A gente sabia que se isso fosse mais adiante (a banda), teríamos que ir embora, mas a gente nunca esqueceu de onde veio. Tivemos uma fundação muito forte e isso é muito importante”, diz.

A formação atual da banda tem Paulo Xisto Jr. no baixo, Andreas Kisser na guitarra, Derrick Gree no vocal e Eloy Casagrande na bateria. Este último, o mais novo da banda, entrou por meio de um concurso, em 2006. Na turnê atual, o Sepultura apresenta o disco “Kairos”. O lançamento do novo trabalho está previsto para o final de outubro.
História do Rock no Brasil
O apresentador Adriano Falabella, que trata de assuntos relacionados à música há quase 30 anos, conta como o rock'n roll invadiu o Brasil. Segundo ele, o estilo musical nasceu nos anos 1950, nos Estados Unidos, como uma derivação do blues. Como o compasso foi acelerado, a música era representada também como uma dança. “Era um grito de liberdade da juventude americana”, diz. Mas ressalta que mesmo nascida como expressão dos negros, a música só ganhou destaque na voz de Elvis Presley.
No Brasil, Celly Campello foi pioneira do país: “Os irmãos Celly e Tony Campello despontaram com as primeiras canções, neste mesmo período. Depois vieram outros ritmos americanos, como o twist”.
Quando o grupo The Beatles estourou no Brasil, por volta de 1965, o estilo cresceu no país e o movimento “jovem guarda” ilustrou a versão brasileira. Versões em português de canções do grupo foram gravadas e artistas como Roberto Carlos e Erasmo tornaram-se ícones. Em 1968, os Mutantes revolucionaram o rock. “Com eles, veio a Tropicália e Caetano Veloso erarock'n roll”, conta. Na virada da década, surgiram as bandas “genuínas do estilo”, como cita o pesquisador de assuntos musicais. De acordo com ele, Made in Brasil, Tutti Frutti, Terreno Baldio, Casa das Máquinas e os próprios Mutantes (sem Rita Lee) eram alguns dos grupos que compunham este cenário.
As décadas de 1960 e 1970 guardam o período mais criativo do rock, na opinião de Adriano. “Depois disso, por volta de 1980, o punk chega tardiamente ao país. No entanto, o movimento não teve destaque”, cita. A partir daí, sob influência do que Falabella define como pós-punk enew wave britânico, surge o chamado rock nacional, com Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Capital Inicial, Titãs e outros grupos.
“O último baluarte do rock mundial foi o Nirvana, o último fenômeno”, opina Adriano ao tratar da evolução do estilo no país. E acrescenta “Principalmente pelo advento da internet, a galera de hoje começou a confundir as coisas. A música está muito misturada”, diz.
Dia Mundial do Rock
A data marcada no calendário, de acordo com Adriano Falabella, foi estabelecida em 1995, a partir do show Live Aid; um festival que tinha como objetivo colaborar para o fim da fome na Etiópia. A partir de então, outros festivais foram realizados. “Uma data estipulada pela mídia europeia, mas que nós comemoramos também”, comenta
* Contribuiu para esta reportagem Michele Marie

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