domingo, 28 de julho de 2013

Vigília: Para três milhões de fiéis, papa pede ‘resposta cristã’ a protestos


Papa Francisco preside a Vigília da Oração na praia de Copacabana, no Rio
Três milhões Rio Papa 1

Papa Copacabana

Três milhões de pessoas(estimativa da organização da JMJ) acompanham, em Copacabana,  zona sul do Rio, a Vigília da Oração, ministrada pelo Papa Francisco, na noite deste sábado(27/07), no penúltimo dia da Jornada Mundial da Juventude. O papa Francisco chegou ao local junto com os jovens que o acompanharam ao longo do dia uma caminhada de 9,5 km (da Central do Brasil, no centro da capital, até a praia de Copacabana).
No discurso durante a vigília, o pontífice disse que a mudança do evento de Guaratiba para Copacabana pode ser um recado divino e usou o futebol como metáfora para incentivar os fiéis a “reconstruírem” a Igreja.
Para discurso

“Bom, penso que nós podemos aprender alguma coisa do que aconteceu esses dias: como nós tivemos que cancelar, por causa do tempo, a realização dessa vigília no Campus Fidei (Campo da Fé), Guaratiba. Não estaria o Senhor querendo nos dizer que o verdadeiro Campo da Fé não é um lugar geográfico, mas sim nós mesmos? Sim, cada um de nós, cada um de vocês e ser discípulo missionário significa saber reconhecer que somos o campo da fé de Deus”, afirmou.
Papa Copacabana

“Acho que a maioria de vocês ama os esportes. E aqui no Brasil, como em outros países, o futebol é uma paixão nacional. Ora bem, o que faz um jogador quando é convocado para jogar em um time? Deve treinar, e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do senhor. Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz e nos oferece também um futuro com ele que não terá fim: a vida eterna”, declarou.
Vigília
O pontífice chegou por volta de 18h35 à Copacabana para participar da vigília junto com os jovens que integraram ao longo do dia uma caminhada de 9,5 km da Central do Brasil, no centro da capital, até a praia. 
Ele aterrissou no Forte de Copacabana e seguiu de papamóvel até o posto 2 da praia, onde está montada a estrutura para a vigília. No trajeto, ganhou objetos de fiéis, vestiu um chapéu mexicano e desceu do carro para abençoar um cadeirante.
A vigília começou às 19h, com a encenação da reconstrução de uma igreja, simbolizando a atuação de Francisco de Assis, conhecido como o reconstrutor de igrejas. Em seguida, o ator Tony Ramos fez a abertura da vigília, sendo sucedido por um ex-dependente químico, por um padre, por um cadeirante e por uma jovem, que deram depoimentos pessoais.
Em meio às falas, houve show da cantora inglesa Judy Bailey e do sertanejo Luan Santana. O pontífice começou a discursar por volta de 20h35. Ele disse que os jovens precisam dar uma resposta cristã aos protestos que vêm ocorrendo em vários países.
Confira a íntegra do discurso
“Olhando para vocês presentes aqui hoje, me vem a mente a história de São Francisco de Assis. Diante do Crucifixo, ele escuta a voz de Jesus que lhe diz: “Francisco, vai e repara a minha casa”. E o jovem Francisco responde, com prontidão e generosidade, a esta chamada do Senhor: repara a minha casa. Mas qual casa? Aos poucos, ele percebe que não se tratava fazer de pedreiro para reparar um edifício feito de pedras, mas de dar a sua contribuição para a vida da Igreja; tratava-se de colocar-se ao serviço da Igreja, amando-a e trabalhando para que transparecesse nela sempre mais a Face de Cristo.
Bom, penso que nós podemos aprender alguma coisa do que aconteceu esses dias: como nós tivemos que cancelar, por causa do tempo, a realização dessa Vigília no Campus Fidei, Guaratiba. Não estaria o Senhor querendo nos dizer que o verdadeiro Campo da Fé não é um lugar geográfico, mas sim nós mesmos? Sim, cada um de nós, cada um de vocês e ser discípulo missionário significa saber reconhecer que somos o campo da fé de Deus.
A partir da imagem do Campo da Fé pensei em três imagens que podem nos ajudar a entender melhor o que significa ser um discípulo missionário: a primeira, o campo como lugar onde se semeia; a segunda, o campo como lugar de treinamento; e a terceira, o campo como canteiro de obras.
Queridos jovens, quando nós aceitamos a palavra de Deus, nos convertemos em Campus Fidei! por favor deixem que Cristo e a palavra dele entrem na sua vida, germine e cresça. E é na vida de vocês que Jesus pede para entrar com a sua Palavra, com a sua presença. Por favor, deixem que Cristo e a sua Palavra entrem na vida de vocês, e nela possam germinar e crescer.
Mas, hoje, tenho a certeza que a semente está caindo numa terra boa, sei que vocês querem ser um terreno bom, não querem ser cristãos pela metade, nem “engomadinhos”, nem cristãos de fachada, mas sim autênticos. Tenho a certeza que vocês não querem viver na ilusão de uma liberdade que se deixe arrastar pelas modas e as conveniências do momento. Sei que vocês apostam em algo grande, em escolhas definitivas que deem pleno sentido para a vida. Jesus é capaz de oferecer-lhes isto.
O campo como lugar de treinamento. Jesus nos pede que o sigamos por toda a vida, pede que sejamos seus discípulos, que “joguemos no seu time”. Acho que a maioria de vocês ama os esportes. E aqui no Brasil, como em outros países, o futebol é uma paixão nacional. Ora bem, o que faz um jogador quando é convocado para jogar em um time? Deve treinar, e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do Senhor.
Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz e nos oferece também um futuro com Ele que não terá fim: a vida eterna. Jesus, porém, nos pede que treinemos para estar “em forma”, para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, testemunhando a nossa fé.
Quando o nosso coração é uma terra boa que acolhe a Palavra de Deus, quando se “sua a camisa” procurando viver como cristãos, nós experimentamos algo maravilhoso: nunca estamos sozinhos, fazemos parte de uma família de irmãos que percorrem o mesmo caminho; somos parte da Igreja, mais ainda, tornamo-nos construtores da Igreja e protagonistas da história.
E, olhando para este palco, vemos que ele tem a forma de uma igreja, construída com pedras, com tijolos. Na Igreja de Jesus, nós somos as pedras vivas, e Jesus nos pede que construamos a sua Igreja; e não como uma capelinha, onde cabe somente um grupinho de pessoas. Jesus nos pede que a sua Igreja viva seja tão grande que possa acolher toda a humanidade, que seja casa para todos!
No coração jovem de vocês, existe o desejo de construir um mundo melhor. Acompanhei atentamente as notícias a respeito de muitos jovens que, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. São jovens que querem ser protagonistas da mudança. Eu animo vocês, de uma forma ordenada, pacífica e responsável, motivados pelos valores do evangelho, sigam superando a apatia e oferecendo uma resposta Cristã às inquietudes sociais e políticas presentes no seu país.
Mas, fica a pergunta: Por onde começar? Quais são os critérios para a construção de uma sociedade mais justa? Quando perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na Igreja, ela respondeu: você e eu!
Queridos amigos, não se esqueçam: Vocês são o campo da fé! Vocês são os atletas de Cristo! Vocês são os construtores de uma Igreja mais bela e de um mundo melhor. Elevemos o olhar para Nossa Senhora. Ela nos ajuda a seguir Jesus, nos dá o exemplo com o seu “sim” a Deus: ‘Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra’ (Lc1,38). Também nós o dizemos a Deus, juntos com Maria: faça-se em mim segundo a Tua palavra. Assim seja!
Igreja nas favelas
Durante a missa celebrada na Catedral Metropolitana de São Sebastião para mais de mil bispos, sacerdotes, religiosos e seminaristas,o papa Francisco lembrou de madre Teresa de Calcutá e chamou os líderes da Igreja Católica a irem até as periferias, onde as pessoas “têm sede de Deus”.
“Que [Deus] nos empurre a sair ao encontro de tanto irmãos e irmãs que estão na periferia, que têm sede de Deus. Que não nos deixe em casa, mas que nos empurre a sair de casa. E assim sejamos discípulos do senhor”, afirmou Francisco.
Francisco chegou a citar uma frase de madre Teresa de Calcutá: “Devemos estar muito orgulhos de nossa vocação, que nos dá a oportunidade de levar cristo aos pobres, às favelas, às vidas miseráveis”. Francisco falou sobre a vocação religiosa e ressaltou que os sacerdotes têm que estar “muito orgulhosos” das suas, por elas lhes darem “a oportunidade de servir a Cristo nos pobres”. ”É nas favelas, nas povoações pobres, nas vilas onde é preciso ir buscar e servir a Cristo. Devemos ir a eles como o sacerdote se aproxima do altar: com alegria”, declarou.


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