sábado, 31 de agosto de 2013

Deficiente visual cria blog que trata de problemas vividos por eles


Blogueiro fala de políticas para deficientes e idosos, além de acessibilidade
Vagner Basilio

Blogueiro fala de políticas para deficientes e idosos, além de acessibilidade

“O meu maior sonho é que um dia as pessoas entendam que o deficiente, seja ele físico, auditivo ou visual, é igual a qualquer outro indivíduo que estuda, trabalha, viaja, constitui família. E o blog é justamente pra isso, para conscientizar a população quanto a essa questão”. As palavras são do historiador e assistente social, Antônio Amaro Ribeiro, deficiente visual que criou um blog onde retrata, entre outros assuntos, os problemas vividos pelos deficientes.
No portal, ele aborda temas polêmicos e que ainda perduram na sociedade, como discriminação, além de levantar assuntos que necessitam que sejam postos em prática, como políticas públicas voltadas as pessoas com deficiência e idosos, como inclusão e acessibilidade.
O blog tem apenas uma semana, e segundo Antônio, é de extrema importância para mostrar o quanto de preconceito ainda existe na sociedade. “O município de Campos, por exemplo, não tem acessibilidade alguma. Nas ruas é possível observar a desordem, carros, motos, mesas e cadeiras nas calçadas. Não tem espaço para cadeirantes transitar. Eu me preparei para ter uma vida independente, mas ainda assim, encontro dificuldade para andar na cidade”, lamentou.
Segundo ele, que perdeu a visão, aos 27 anos, vítima de uma doença hereditária que causa a degeneração da retina, e a perda gradual da visão, chamada retinose pigmentar, a discriminação vai desde o ingresso em uma universidade até na hora de arrumar um emprego.
“Não nasci deficiente, então tive que me adaptar a doença. Foi difícil, pois pensei até em acabar com minha vida. Mas, foi graças a convivência com outros deficientes que me reergui e pude dar a volta por cima. Encontrei e ainda encontro muita dificuldade, pois quando fiquei doente, muitas portas se fecharam para mim, e até hoje encontro com pessoas que dizem ter passado pela mesma situação. Eu acho que eles [empregadores] pensam que nós não somos aptos a ocupar um cargo público, por exemplo”, relatou o blogueiro.

FACULDADE Aos 40 anos, Antônio enfrentou mais um desafio em sua vida, a de ingressar numa instituição de ensino superior. O blogueiro fez duas faculdades, uma pública, Serviço Social e outra privada, História. Segundo ele, as universidades não estão preparadas para atender as pessoas com deficiência.
“Em uma das instituições que ingressei, não quiseram me aceitar, pois a mesma alegou que não havia profissionais aptos a receber deficientes visuais, e eu mostrei a eles o quanto estavam enganados”, contou.
Antônio foi o pioneiro a ajudar a implantar uma Sala de Recursos (sala de aula inclusiva) dentro da universidade, e com isso, conseguiu, não só permanecer na instituição, como também terminar seus estudos. “Eu lutei muito pra isso, e hoje me orgulho porque existem três deficientes visuais que estão estudando lá. Fico feliz em saber que fui um dos responsáveis por abrir esse caminho”.
OTIMISMO E FORÇA DE VONTADE “Eu encontrei forças na deficiência, e hoje dou palestras na área da inclusão e acessibilidade. Essa é a minha luta e não pretendo parar por aqui. Eu quero voar como águia e poder fazer meu mestrado voltado para políticas públicas”, finalizou Antônio que é casado e pai de um menino de cinco anos.


Postado por: Kelly Maria

Fonte: Ururau

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