Operação
Dominó encontra indícios de que doleiros que trabalhavam para políticos
indiciados na Lava-Jato também operavam para o tráfico;
A Polícia
Federal deflagrou nesta terça-feira (15) a Operação Efeito Dominó, um
desdobramento da Operação Spectrum, iniciada em julho de 2017, que desarticulou
uma estrutura estabelecida para o tráfico internacional de drogas.
O delegado
responsável pela Operação, Roberto Biasoli, disse nesta terça-feira (15) que há
indícios de que dinheiro oriundo do narcotráfico tenha sido entregue a
políticos e agentes públicos corruptos investigados pela Operação Lava Jato. “Há
indícios de um vínculo muito claro do dinheiro do narcotráfico, em espécie,
indo parar nas mãos de políticos”, afirmou Biasoli.
Cerca de 90
policiais cumprem 26 ordens judiciais, sendo 18 de busca e apreensão, cinco de
prisão preventiva e três de prisão temporária nos estados do Rio de Janeiro,
Pernambuco, Ceará, Paraíba, Mato Grosso do Sul e São Paulo, além do Distrito
Federal.
LAVAGEM DE
DINHEIRO
Durante as
investigações da Operação Spectrum, a PF desarticulou uma estrutura criminal
criada visando o tráfico internacional de drogas. Esse esquema era comandado
por Luiz Carlos da Rocha, mais conhecido como Cabeça Branca. Ele era tido como
um dos maiores traficantes da América do Sul, tendo conexões em dezenas de
outros países.
Por meio de
nota, a PF informou hoje que as investigações demonstram “robustos indícios
acerca do modus operandi [modo de operação] da organização criminosa,
consistente na convergência de interesses das atividades ilícitas dos “clientes
dos doleiros” investigados, pois de um lado havia a necessidade de
disponibilidade de grande volume de reais em espécie para o pagamento de
propinas e de outro, traficantes internacionais como Luiz Carlos da Rocha
possuíam disponibilidade de
recursos em
moeda nacional e necessitavam de dólares para efetuar as transações
internacionais com fornecedores de cocaína”.
Dois
doleiros tinham atuação “concreta e direta” com o grupo criminoso. Ambos eram
conhecidos desde a Operação Farol da Colina (caso Banestado) e na Lava Jato. De
acordo com os investigadores, eles foram alvos de investigações pela mesma
prática criminosa.
“Quanto ao
operador financeiro (doleiro) já investigado da Operação Lava Jato, chama
atenção o fato de ter retornando às suas atividades ilegais mesmo tendo firmado
acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República e
posteriormente homologado pelo Supremo Tribunal Federal. A Procuradoria Geral
da República e o Supremo Tribunal Federal serão comunicados sobre a prisão do
réu colaborador para avaliação quanto à “quebra” do acordo firmado”, diz a nota
da PF.
Com a
operação de hoje, a PF pretende reunir informações complementares da prática
dos crimes de lavagem de dinheiro, contra o Sistema Financeiro Nacional,
organização criminosa e associação para o tráfico internacional de entorpecentes.
ENTENDA A
OPERAÇÃO DOMINÓ
A Operação
Efeito Dominó foi deflagrada nesta terça-feira e prendeu oito pessoas, entre
elas dois doleiros que atuavam para o narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, o
Cabeça Branca, conhecido também como o “embaixador do tráfico”. Ele é apontado
pela PF como o maior traficante de drogas do Brasil e um dos maiores do mundo.
De acordo
com o site UOL, o vínculo entre o narcotráfico e as investigações da Operação
Lava Jato é o doleiro Carlos Alexandre Souza Rocha, o Ceará. Em 2015, ele
firmou um acordo de colaboração premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da
República) que foi homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
No acordo,
Ceará afirma que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef como entregador de
valores e mencionou repasses de dinheiro em espécie direcionados a diversos
políticos como os senadores Fernando Collor de Melo (PTC-AL), Renan Calheiros
(MDB-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG
Os repasses
teriam sido ordenados por empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato. Biasoli diz que há indícios de que Ceará
trabalhava como doleiro tanto para o narcotráfico quanto para o esquema
investigado pela Operação Lava Jato. A suspeita é que dinheiro recebido por
Ceará oriundo do tráfico de drogas era depois repassado a políticos e agentes
públicos.
*Agência
VIU!
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