quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Os inúteis enterros prematuros de Anthony Garotinho



Desde que cheguei em Campos dos Goytacazes no final de 1997 já assisti a vários anúncios fúnebres (alguns com direito a caixão em praça pública) da carreira política de Anthony Garotinho (no vídeo abaixo um que ocorreu em Outubro de 2007).
Entretanto, como uma verdadeira fênix da política,  Garotinho teima em renascer das cinzas para frustrar seus muitos desafetos. Para mim, o problema é que para começo de conversa, Garotinho nunca morreu de verdade, apenas se transformou.  Além disso, como ele se apoia na inabalável segregação econômica que existe na sociedade brasileira para fazer seu tipo peculiar de política, é quase certo que dificilmente desaparecerá da cena política enquanto um elemento relevante.
Entretanto, há outro aspecto que envolve os anúncios fúnebres em torno da carreira política de Anthony Garotinho, qual seja, a necessidade de seus adversários de manterem uma disputa política direta com ele, na esperança de desviar a atenção dos erros e desvios que estão cometendo. Na prática, como Garotinho é uma figura no mínimo polêmica, ele é um alvo fácil para quem precisa cobrir seus próprios rastros ou, ainda, negar relações diretas que passaram do amor ao ódio, alguns de formas repetidas. Mas essa tática está mais do que manjada e acabo servindo, quando muito, para reforçar a moral combalida das hostes inimigas que Anthony Garotinho amealhou ao longo do tempo.
Além disso, a caçada empreendida a Garotinho também tem elementos comerciais, já que em ele sendo noticia, aumenta a chance de que as pessoas parem para ver o que está acontecendo. Isto não é apenas verdade na cidade de Campos dos Goytacazes onde ele é tanto visto como um novo Messias por uns ou a encarnação do Demônio por outros.  Esse uso comercial dos sentimentos diversos que cercam a figura do político que começou a carreira nos palcos campista é algo que já foi captado pelas Organizações Globo que vivem tentando acertar uma inexistente bala de prata na carreira de Garotinho, ainda que saiba que bala de prata só mesmo em filme de lobisomem. Mas em Campos dos Goytacazes isso é
aquele segredo de polichinelo que qualquer foca de redação já chega sabendo.
Qual é o moral da história então? Para aqueles que realmente queiram superar os métodos políticos de Anthony Garotinho e seu grupo político (sim ele tem um grupo, o qual não é desprezível em termos de política fluminense), a receita há que ultrapassar a simples demonização e a aplicação das táticas de “lawfare” que estão sendo empregadas desde 1999 quando ele chegou ao Palácio Guanabara.  Para os que se acreditam de esquerda, a questão é saber por onde começar o processo de construção de um modelo de organização política autônoma que parece ser o único antídoto efetivo contra as práticas de Anthony Garotinho.  Ah, sim, há que se abraçar a  defesa dos mais pobres e dos seus parcos direitos. Sem isso, não adiantará ficar se aliando às muitas viúvas que Garotinho amealhou ao longo da sua razoavelmente vitoriosa trajetória política.


Fonte: Blog Pedlowski

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