Desde que
cheguei em Campos dos Goytacazes no final de 1997 já assisti a vários anúncios
fúnebres (alguns com direito a caixão em praça pública) da carreira política de
Anthony Garotinho (no vídeo abaixo um que ocorreu em Outubro de 2007).
Entretanto,
como uma verdadeira fênix da política,
Garotinho teima em renascer das cinzas para frustrar seus muitos
desafetos. Para mim, o problema é que para começo de conversa, Garotinho nunca
morreu de verdade, apenas se transformou.
Além disso, como ele se apoia na inabalável segregação econômica que
existe na sociedade brasileira para fazer seu tipo peculiar de política, é
quase certo que dificilmente desaparecerá da cena política enquanto um elemento
relevante.
Entretanto,
há outro aspecto que envolve os anúncios fúnebres em torno da carreira política
de Anthony Garotinho, qual seja, a necessidade de seus adversários de manterem
uma disputa política direta com ele, na esperança de desviar a atenção dos
erros e desvios que estão cometendo. Na prática, como Garotinho é uma figura no
mínimo polêmica, ele é um alvo fácil para quem precisa cobrir seus próprios
rastros ou, ainda, negar relações diretas que passaram do amor ao ódio, alguns
de formas repetidas. Mas essa tática está mais do que manjada e acabo servindo,
quando muito, para reforçar a moral combalida das hostes inimigas que Anthony
Garotinho amealhou ao longo do tempo.
Além disso,
a caçada empreendida a Garotinho também tem elementos comerciais, já que em ele
sendo noticia, aumenta a chance de que as pessoas parem para ver o que está
acontecendo. Isto não é apenas verdade na cidade de Campos dos Goytacazes onde
ele é tanto visto como um novo Messias por uns ou a encarnação do Demônio por
outros. Esse uso comercial dos
sentimentos diversos que cercam a figura do político que começou a carreira nos
palcos campista é algo que já foi captado pelas Organizações Globo que vivem
tentando acertar uma inexistente bala de prata na carreira de Garotinho, ainda
que saiba que bala de prata só mesmo em filme de lobisomem. Mas em Campos dos
Goytacazes isso é
aquele
segredo de polichinelo que qualquer foca de redação já chega sabendo.
Qual é o
moral da história então? Para aqueles que realmente queiram superar os métodos
políticos de Anthony Garotinho e seu grupo político (sim ele tem um grupo, o
qual não é desprezível em termos de política fluminense), a receita há que
ultrapassar a simples demonização e a aplicação das táticas de “lawfare” que
estão sendo empregadas desde 1999 quando ele chegou ao Palácio Guanabara. Para os que se acreditam de esquerda, a
questão é saber por onde começar o processo de construção de um modelo de
organização política autônoma que parece ser o único antídoto efetivo contra as
práticas de Anthony Garotinho. Ah, sim,
há que se abraçar a defesa dos mais
pobres e dos seus parcos direitos. Sem isso, não adiantará ficar se aliando às
muitas viúvas que Garotinho amealhou ao longo da sua razoavelmente vitoriosa
trajetória política.
Fonte: Blog
Pedlowski
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