Parentes das vítimas do acidente na BR 101 se emocionam diante dos corpos
“Cabe agora a nós, seres humanos, descobrir onde está o equívoco. Onde está o erro? Nas nossas estradas? Naquele veículo?” Com a dor escorrendo em lágrimas, Celina Maria Pagung, 40, busca conforto nas respostas que ainda não lhe foram dadas. Integrante do grupo de dança alemã de Domingos Martins, ela poderia estar entre as vítimas do acidente ocorrido na BR 101, em Mimoso do Sul, não fosse um compromisso. Sua voz embargada reflete o apelo indignado de todos os que foram afetados pela tragédia: afinal, quais medidas garantirão mais segurança nas estradas?
Em 80 dias, duas graves colisões tiraram a vida de 34 pessoas, ampliando para 123 o número de mortes na BR 101 este ano. Um dia após o novo acidente, autoridades públicas começam a se manifestar acerca dos principais questionamentos da população, que vão desde a situação das vias, sua duplicação e a melhora da fiscalização. Para o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, um problema na amarração das placas de granito ao caminhão pode ser a causa do desastre. Entretanto, a Polícia Civil ainda não divulgou os resultados da perícia.
Garcia reconhece que a duplicação da BR 101, que há tempos é alvo de discussões, reduziria os danos, fato que levará o governador Paulo Hartung a conversar com o presidente Michel Temer, em busca de soluções. A Eco101 diz que a manutenção da via, bem como a prestação de socorro às vítimas foi feita corretamente. A postura é defendida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que afirma que o KM 450 está bom e bem sinalizado.
Já a bancada federal capixaba pedirá que o Ministério Público Federal (MPF) cobre responsabilização criminal pelas mortes, enquanto deputados estaduais querem a suspensão do pedágio. Em meio a tudo isso, a angústia compartilhada por parentes e amigos das vítimas continua. Mais do que explicações sobre o ocorrido, eles esperam soluções definitivas, a fim de que tantas vidas não sejam só estatísticas.
Em 80 dias, duas graves colisões tiraram a vida de 34 pessoas, ampliando para 123 o número de mortes na BR 101 este ano
Fábio Carlos de Souza, 47, aguarda notícias sobre o reconhecimento do corpo de Marília Rodrigues Alves, que morreu junto ao noivo Gabriel Degen. Amigo da família, ele desabafa. “Todos acompanham essa história do contrato, se cumpre ou não. Se cobra um pedágio caro, a população paga e ninguém responde por nada. Quantas mortes terão que vir para o governo cumprir seu papel?”, indigna-se.
Osmir Gomes de Carvalho, 62, que perdeu a sobrinha Fabiana Carvalho Litting e o sobrinho-neto, Luis Fabiano Litting, de 10 anos, também não entende porque a duplicação da BR 101 não aconteceu. Da mesma forma, o servidor público questiona onde está a fiscalização de caminhões transportadores de rochas. “Se o governo não tomar providências, situações assim vão continuar acontecendo”.
A intensificação da fiscalização nas vias é pedida pelo próprio Sindirochas. Segundo o presidente, Tales Machado, o fato de todas as placas de granito terem sido arremessadas levanta suspeitas de irregularidade. “Quando está dentro da resolução, normalmente esse tipo de coisa não acontece”.
Fonte: Gazeta Online
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