Francimara Barbosa Lemos Prefeita de São Francisco de Itabapoana
Christiane Cordeiro Prefeita de Carapebus
Em um mundo em que, até bem pouco
tempo, era predominantemente masculino, a mulher vem galgando espaço cada vez
maior. Desde 1932, quando foi instituído o voto feminino no Brasil até hoje
foram muitas as representantes eleitas, mas em um número muito inferior ao de
homens. Presidentes da República, por exemplo, 39 homens e apenas uma mulher —
Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment em agosto do ano passado. Em nível
municipal, até o ano passado, a região tinha, apenas, a prefeita Rosinha
Garotinho (PR). Agora são quatro prefeitas: Carla Machado (São João da Barra),
Francimara Barbosa Lemos (São Francisco de Itabapoana), Fátima Pacheco
(Quissamã) e Christiane Cordeiro (Carapebus). Este último município tem uma
peculiaridade: além da prefeita, são mulheres a vice, Marinete Manhães
Possidonio Pinto, e a presidente da Câmara, Tânia Maria Cabral.
Primeira vez eleita, Christiane
Cordeiro diz que é positivo o crescimento da participação feminina na política.
— A mulher, como em qualquer
outra atividade predominantemente masculina, vem a cada dia ocupando mais
espaço na política e isso é muito positivo, pois a natureza feminina é dotada
de dons muito peculiares que agregam valores no modo de governar — afirma a
prefeita de Carapebus.
Ela acrescenta que, com sua equipe
mista, não sentiu preconceito. “Eu, juntamente com minha equipe, composta por
homens e mulheres, até aqui não senti qualquer peso nessa desigualdade. E hoje,
assessorada por meu marido (Eduardo Cordeiro), ex-prefeito de Carapebus, posso
me dedicar ao exercício da gestão pública, coisa que há alguns anos não pude
fazer ao seu lado, por entender que sendo ele homem público e comprometido,
optei por dar prioridade à criação dos filhos pequenos, sem deixar de apoiá-lo
em seu governo”, conclui.
A vice-prefeita concorda. “A
mulher tem que participar de tudo, pois tem mais visão e tranquilidade para
resolver as coisas, com jogo de cintura. A mulher tem que estar em todas as
áreas, tem que participar de tudo. Graças a Deus fui muito bem recebida. Eu e
Christiane tivemos muita aceitação no meio da política. A gente ganha as coisas
no sorriso”, garante.
Ex-secretária e ex-vereadora,
Fátima Pacheco é a primeira prefeita de Quissamã. Em entrevista anterior, ela
disse que a responsabilidade de bem governar é a mesma, independentemente do
gênero, tradição familiar ou partido político.
Preconceito superado com muito
trabalho
Os municípios da foz do Paraíba,
São João da Barra e São Francisco de Itabapoana estão sendo governados por
mulheres. Carla Machado assumiu pela terceira vez o cargo, enquanto Francimara
Barbosa Lemos é estreante.
Ambas dizem que as dificuldades
são muitas, mas estão sendo vencidas. Sobre preconceito, Carla conta que, no
início de sua carreira política, houve bastante. “Quando vim candidata a vereadora,
em 1996, sofri preconceitos de alguns mais antigos da política local, mas os
superei e fui a segunda mais votada para o Legislativo, tendo sido a primeira
mulher presidente de Câmara da região Norte. Em 2000 e 2004, quando vim
candidata a prefeita pude contar, segundo pesquisas, com um apoio maior dos
homens, o que de certa forma me deixava incomodada, já que eu achava que como
mulher eu teria que ter mais apoio da minha classe. Na minha reeleição em 2008
isso mudou”.
Já Francimara diz que a questão do
preconceito na sociedade ainda é forte, e não é só nos partidos. “Seria algo
relacionado a essa questão mais machista de que a política estaria mais
relacionada ao público masculino por conta de algumas características próprias
do meio”.
Pontos positivos e negativos da
era Dilma
Não só prefeitas ou governadoras.
No cargo mais alto do Executivo, o Brasil elegeu, em 2010, Dilma Rousseff (PT),
reeleita quatro anos depois. Mas, levada pela Lava Jato, pedaladas e crise
econômica, a presidente sofreu impeachment em agosto do ano passado.
Para o cientista político Hugo
Borsani, o legado de Dilma é mais negativo que positivo para a imagem da mulher
na política brasileira. E destaca: “Em primeiro lugar ela não foi eleita por
força política própria (sua dificuldade para o debate público e a comunicação
de ideias era notória), mas por ser a escolha do ex-presidente Lula, este sim
dono de um grande carisma político com capacidade de transferir seus votos e
apoios. Se bem foi reeleita, o foi por uma diferença mínima e não conseguiu
manter sua base de governo, gerando conflitos até com seu próprio partido
político, dando mostras de grande falta de capacidade de condução em situações
políticas e econômicas desfavoráveis”.
O professor acrescenta: “A
recessão econômica e o alto desemprego são marcas fortes do resultado da sua
gestão e certamente não favorecem seu legado. A seu favor, a imagem de mulher
honesta, sem denúncias de enriquecimento ilícito, algo a destacar no atual
panorama político brasileiro, porém insuficiente para reverter o saldo negativo
de sua passagem pela presidência”.
Fonte Folha da Manhã
Fonte Folha da Manhã
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