Nessa crise que se agrava na Cultura em Campos, um assunto de difícil entendimento é o sururu feito com a Orquestra Municipal de Campos dos Goytacazes. Em síntese: não há mais Orquestra Municipal. O convênio assinado com a prefeitura, em meado de 2012, era breve e se acabou. Expirou, findou, sem que a PMCG tomasse qualquer atitude para renová-lo. Simples assim!
No mais, é o silêncio imposto pela FCJOL. No mais, são os “ataques” dirigidos para denegrir o esforço incalculável da ONG Orquestrando a Vida de criar uma orquestra sinfônica com jovens campistas carentes, como o da criação manjada de um blog apócrifo para levar todos ao limbo comum em que se encontra a cultura atual. No mais, é a inveja daqueles que não conseguem mensurar o suor cotidiano de músicos empenhados em formar músicos e plateia para a música erudita na planície.
O assunto tem sido trazido a público em algumas postagens como aqui, aqui e, mais recente, também aqui, no blog do jornalista Alexandre Bastos. Neste último, recebeu o comentário de um suposto aluno/músico que pediu para não ser identificado. Agora, também abaixo, segue um e-mail que recebemos, em resposta ao comentário feito no blog do Bastos.
Leiam, peço, e tirem as suas próprias conclusões.
“Como disse Carlos Drummond de Andrade “O anonimato combina o prazer da vilania com a virtude da descrição”. Por esse simples motivo me reservo ao direito de também me utilizar do recurso do (a) colega acima. Eu acredito que o problema da Orquestra Municipal é único e exclusivo do Sr. Jony William. Pois ensinar um instrumento a uma criança que nunca soube nada, que não possui em sua família sequer um músico profissional, em uma cidade que 20 anos atrás não tinha nenhuma tradição de orquestra (violoncelos, oboés, trompas, contrabaixos, tímpanos eram coisas de outro planeta). E conseguir através de lutas e protestos dar o primeiro emprego a este(a) jovem, que aos 16 ou 18 anos deveria abandonar os estudos de musica para se dedicar a qualquer outra coisa ou se mudar de sua cidade, como muitos já fizeram. Podendo no lugar disso contratar músicos profissionais de outras cidades que já viriam formados, digo com faculdade de música mesmo (o que provavelmente o(a) jovem acima não possui) é uma coisa totalmente insana. As falhas do Sr. Jony William não se limitam a isso, trazer professores dos EUA, Venezuela, Espanha e não cobrar nada por isso. Liberar músicos para se aperfeiçoarem em faculdades e cursos na capital e em outras cidades, sem descontar do salário ou exigir reposições de aulas. Fomentar 3 turnês internacionais para Bolívia, EUA e Portugal com tudo pago para 80 músicos (com apoio externo e pouca ajuda do poder público). Ceder instrumentos de luthier (feitos a mão e não de fabrica como vendem as lojas) para o aluno poder se aperfeiçoar e sentir seu progresso através de um instrumento que responda à altura. Por favor, não é, senhor JW, isso é uma barbárie. Imagina que mesmo depois disso tudo o senhor poderia simplesmente contratar apenas maiores de idade para atuar nas classes aos alunos novos, podendo pagar salários para atuarem como professores da rede municipal e músico de orquestra, como fazem Neojibá (importante projeto da Bahia), Orquestra de Barra Mansa, Orquestra de Volta Redonda, o senhor resolveu implementar na contratação, além dos maiores de idade, o programa do governo federal O jovem aprendiz, que toda grande empresa do país utiliza e que podemos citar alguns salários como CORREIOS que paga R$292,43 ou a VALE do RIO DOCE que paga R$ 426,76. O senhor me resolve pagar R$ 656,00, para o “profissional” (aluno que nem terminou o Ensino Médio) estudar pela manhã, compartilhar o que aprendeu ali mesmo das 14h às 17h e depois alguns ensaios e um concerto por mês. Por favor não é senhor Jony William. Isso é um atestado de imbecilidade. Acho que o senhor precisa entender que além de educar, ocupar o tempo ocioso, ensinar valores, ensinar um instrumento, e ainda o remunerar para tudo isso. Precisa ensiná-lo(a) que no país que nós vivemos nenhuma grande empresa aceita renovar um patrocínio sem a contrapartida (não estou falando de crianças carentes salvas pela música e sim de grandes porcentagens em dinheiro de retorno) e que patrocinar qualquer coisa em uma cidade que recebe 2 milhões em espécie por dia de royalties é um atestado de burrice. Também poderia ensinar que 40% das verbas de qualquer coisa aprovada pelo poder publico é revertido em impostos municipais, estaduais e trabalhistas. Também deveria ensinar que a ONG do ES que anteriormente iria administrar a Orquestra Municipal não pretendia trabalhar com ninguém de Campos (muito menos com crianças de projetos sociais), além de estar orçada em R$ 4.000.000,00 e ter salários exorbitantes para pessoas inclusive de outros estados. Por fim acho que deveria ter ensinado a esta pessoa a no mínimo ser grata por ter lhe ensinado (ou tentando) uma profissão. Gostaria de ver o grande músico acima nos agraciando com seu belíssimo som em qualquer outra orquestra profissional do país que tenha capacidade de se estabelecer. Será? Enfim, Sr. JW o erro é todo seu por insistir em acreditar em pessoas nessa cidade… Lamentável!
FONTE: LUCIANA PORTINHO
Sem comentários:
Enviar um comentário