terça-feira, 22 de abril de 2014

Ex-presidente da Trianon quer contratos da FCJOL na Justiça



Exonerado em 30 de dezembro de 2013, o ex-superintendente do Teatro Trianon e professor João Vicente Alvarenga levou quase quatro meses para se pronunciar. Ontem (21), porém, em depoimento enviado ao blog de Luciana Portinho, hospedado na Folha Online, mais do que desabafar, ele, na propriedade de quem passou por instância tão importante da gestão cultural do município, se posicionou contra práticas que vêm sendo duramente criticadas pela classe artística de Campos nos últimos meses, especialmente aquelas levadas a cabo por Patrícia Cordeiro, fiel escudeira da prefeita Rosinha Garotinho e presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL).


— A cultura em Campos nunca foi tão rica. Mas inverteram a ordem do preceito que prega a supremacia do interesse público sobre o privado. A gestora pública na área da cultura, apoiada pelo executivo municipal, tem invertido despudoradamente aquela lógica, ou seja, se pratica a supremacia do interesse privado sobre o público. Se quem não deve não teme, Patrícia Cordeiro tem muito a temer, a começar porque se esconde da mídia para simples prestações de conta de sua gestão e esclarecimentos ao eleitor sobre como o dinheiro da cultura está sendo usado — escreveu.


João Vicente aponta, ainda, produtos dessa inversão, praticada não só pela presidente da FCJOL — que, após seu afastamento, herdou suas atribuições sobre o Teatro Trianon avançando um longo processo de centralização da gestão cultural —, como pelas instâncias superiores do governo municipal.


— (O recurso da cultura) está sendo usado para fins públicos e também privados, como por exemplo, a montagem de um mega estúdio de gravação, que custou altíssimas somas e que deverá ser usado pela oligarquia dominante da democracia goytacá nas próximas eleições — acusa.


Além disso, o professor revela irregularidades passadas, que permanecem sem esclarecimento.


— Como justificar, por exemplo, que alguns shows teriam que ser contratados pela extinta Fundação Municipal Trianon e não, como seria o mais adequado, serem contratados pela FCJOL, entre janeiro e maio de 2013? É um formato irregular que caberá à justiça dizer se se trata de um ato ilícito, que é o que tudo indica, uma vez que esses shows/bandas eram de propriedade ou administradas por pessoa muito próxima à senhora Patrícia Cordeiro.




POLÊMICA ANTERIOR




João Vicente Alvarenga assumiu a presidência da extinta Fundação Teatro Municipal Trianon em 4 de janeiro de 2013. Já tinha se tornado superintendente da casa de espetáculos, como parte de uma reforma administrativa realizada pelo governo Rosinha, quando, no dia 9 de julho do mesmo ano, o diretor do grupo carioca de teatro Oito de Paus Luís Felipe Perinei denunciou censura à peça “Bonitinha, mas ordinária”, de Nelson Rodrigues, que seria encenada em Campos no dia 10 de agosto seguinte. Entre os motivos alegados para a suspensão da apresentação estaria, segundo Perinei afirmou, então, ao blogueiro Cláudio Andrade, a suposta imoralidade do texto, que “poderia ofender a prefeita Rosinha Garotinho por ela ser evangélica”. À época, João Vicente afirmou que o real motivo do cancelamento da data teria sido “inconsistência na documentação apresentada”.


(M.C.)

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