terça-feira, 22 de abril de 2014

Divino de São Lourenço, sul do Estado, tem rotina política diferente

Divino de São Lourenço, sul do Estado, tem rotina política diferente

Foto: Gustavo Ribeiro
Prefeito Miguel Lourenço admite que conta até "casos e piadas" na praça
Típica cidade de interior de clima ameno e hábitos simples, Divino de São Lourenço tem uma curiosa vida política: ao contrário da distância que marca a relação dos eleitores com os eleitos em Brasília, o prefeito Miguel Lourenço (PMDB) vai para o meio da praça ouvir problemas, atender a população e movimentar sua agenda de gestor.

Avesso a gabinete, ao qual garante que não vai há três meses, Miguel prefere a praça ao lado da prefeitura para saber dos problemas de cada morador. “Gosto desse contato. Eu vou para a rua, conto casos e piadas, mas também ouço a população e explico das dificuldades da prefeitura”, disse. Utilizando essa política de aproximação com a população, o prefeito está no terceiro mandato e se diz autor de melhorias constantes.

Para o aposentado Devalcy Henrique Quedevez, 72 anos, não há o que reclamar da administração, pois garante que tem acesso fácil ao prefeito. “Ele sempre vem aqui, senta na calçada e a gente conversa. Quando tem algo que quero falar, peço diretamente a ele. Miguel dá essa liberdade para a gente”, contou.

Segundo o prefeito, não são poucos os problemas. Nos próximos meses, metade dos funcionários da prefeitura será afastada devido ao alto valor da folha de pagamento. “A nossa receita caiu em 20%. E estamos apertados com a folha de R$ 780 mil mensais em uma receita média de pouco mais de um milhão”, explica. Para que o município não fique prejudicado, um concurso público será realizado, mas o número de contratados será bem menor.

O prefeito admite que cessará obras com recursos próprios. “Tem área que não temos como reduzir, como a Saúde, Educação, Ação Social e a Agricultura, que é no nosso carro chefe hoje”. Para evitar a dependência de recursos do governo, tentou-se, em vão, atrair indústrias.

“Fizemos bastante esforço para trazer empresas para a cidade, mas as dificuldades de acesso ao município à BR 262 atrapalharam e já perdemos a vinda de duas empresas. Agora estamos recebendo orientações para melhorar a logística”, explicou Miguel.

Saúde

O maior problema da saúde está na falta de recursos financeiros. O problema é tão grave, diz o prefeito, que o Pronto-Atendimento corre o risco de fechar e já terá o horário reduzido. “Em princípio, vamos reduzir de 24h para 12h, pois o dinheiro que chega não dá para o pagamento. O valor dos encargos não vem junto, e isso sai do nosso bolso”, disse.

A cidade não registra nenhum homicídio há cinco anos. No entanto, a insegurança dos moradores cresce junto ao aumento do número de furtos e à quantidade de drogas. “A nossa cidade é rota para Rio de Janeiro e Minas Gerais, e a bandidagem se espalhou pela região desde as desocupações em favelas do Rio. Há plantações de maconha na serra, e a fiscalização não dá conta”, conta o prefeito. Por plantão há apenas dois policiais militares na cidade.

Problemas de infraestrutura afetam o comércio local

Sérgio Matos trabalha na área comercial há 10 anos e diz que houve queda nas vendas devido às deficiências da cidade.
Foto: Gustavo Ribeiro
"Além do preço de café, que caiu bastante e atrapalhou as vendas, as estradas malcuidadas e o difícil acesso à cidade fizeram a gente ter uma queda de 60%" Sérgio Matos, comerciante, 34 anos

Perfil

Caminhão e táxi
Aposentado como barbeiro, Miguel Lourenço entrou na política como vereador em 1966 e foi duas vezes vice-prefeito. Já trabalhou como taxista e caminhoneiro. Aos 71 anos, não vislumbra nova eleição. “Devido à idade e à pressão da família, não me candidato novamente”.

Turismo
Uma das cidades do Consórcio do Caparaó, Divino investe no turismo - a localidade de Patrimônio da Penha é conhecida nacionalmente. “Enxergamos no turismo a porta de entrada para o crescimento. Divulgamos bastante a nossa cidade”, assinala o prefeito.

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