Estádio do São Cristóvão está interditado para jogos oficiais por conta da falta de estrutura — Foto: Gustavo Garcia
Campeão
carioca de 1926, tradicional São Cristóvão batalha para fugir da queda na Série
B2 do Rio, pede socorro ao Fenômeno e tenta não fechar as portas no futebol
profissional: "O risco existe"
O São
Cristóvão não é um clube qualquer. E nunca será. É o futebol brasileiro na
raiz, o campeão carioca de 1926 e um baú repleto de histórias.
"A dor
fica na mente da gente, porque vimos esse clube grande. E o São Cristóvão é
grande. A marca São Cristóvão é muito grande", diz Renato Campos, diretor
e apaixonado pelo clube.
O tempo
causou marcas ao longo dos 119 anos de existência, machucou a estrutura de quem
prometia ser gigante no início do século passado, mas de jeito algum apagará a
tradição do lugar que já foi a casa de Carlos Alberto Parreira e Leônidas da
Silva, por exemplo.
Nem mesmo o
letreiro envelhecido, desgastado pelo tempo, na fachada do estádio da Rua
Figueira de Melo fará com que se esqueçam de onde surgiu um dos maiores de
todos os tempos.
- O Ronaldo
foi um cara que saiu daqui para o mundo. Um cara diferenciado. Tive o prazer de
ver que ele começou aqui e ver onde chegou. Isso é gratificante. Isso não tem
dinheiro que compre. É a história, e a história não se apaga - conta Renato,
gerente administrativo e o funcionário mais antigo do clube.
Mas aquele
São Cristóvão que orgulha-se dos feitos e das glórias do passado hoje vive uma
incerteza sobre o futuro. Como será o amanhã?
Crises
financeiras e más administrações levaram o São Cri-Cri à terceira divisão do
Rio em 2017. A duas rodadas do fim da competição, agora briga para evitar uma
segunda queda consecutiva e escapar do fundo do poço do futebol estadual - está
a três pontos da zona de rebaixamento.
Com a
escassez de recursos, sobrevive no limite e paga literalmente o preço do
passado - soma hoje aproximadamente 28 dívidas trabalhistas, segunda a direção.
E o pior de tudo: periga deixar o futebol profissional em 2019.
- O risco
existe. Se não conseguirmos patrocinador para o ano que vem tocar o futebol,
isso existe. Há um risco de parar com o futebol. Mas essa é a última das
hipóteses que a gente pensa - diz o presidente da Assembleia Geral e diretor de
futebol, João Machado.
Sem
patrocinadores, o São Cristóvão vive basicamente de recursos próprios, além de
doações e inúmeras permutas. Aluga o espaço de três outdoors, além do seu campo
de grama sintética, o ginásio e a sede náutica. Conta, também, com a
mensalidade de cerca de 300 sócios.
No entanto,
não consegue sequer lucrar com o aluguel do estacionamento do Estádio Ronaldo
Nazário para a Prefeitura do Rio - as verbas foram antecipadas pela antiga
gestão e uma nova quantia só entrará nos cofres a partir de janeiro de 2019, de
acordo com a atual diretoria.
A direção
calcula um orçamento mensal de R$ 70 mil mensais para tocar o futebol
profissional, mas, segundo João Machado, o clube só tem conseguido arrecadar 50%
desse valor (cerca de R$ 35 mil). O que não é o suficiente para manter as
contas em dia.
- O que
podemos falar é que pode parar o futebol. Há um consenso no conselho de que, se
parar com o futebol, o clube se toca com a sede náutica, se toca com os aluguéis,
permutas, e o clube fica maravilhoso. Mas você perde a essência. O que é o São
Cristóvão? O que é Figueira de Melo? Aqui se respira futebol - conta João
Machado, que se aposentou da carreira de bancário e se dedica ao clube desde o
início do ano.
A dificuldade
é tanta que praticamente todos os jogadores do elenco profissional do São
Cristóvão recebem um salário mínimo e possuem um trabalho à parte. Há
motoristas de aplicativo de viagens e comerciantes, por exemplo.
A salvação?
Na luta para
sobreviver, o São Cristóvão agora estuda alternativas para não fechar as portas
do futebol profissional em 2019 e sonha, quem sabe, com a ajuda de Ronaldo, que
recentemente comprou o Valladolid, da Espanha, por cerca de R$ 140 milhões.
- Se for só
a imagem dele já nos ajuda, nos traz patrocinador. É só usar a imagem do
Ronaldo. Tinha um projeto, não sei se é verdade, que o Ronald, filho dele,
queria fazer um outdoor aqui dele com várias camisas por onde ele passou, como
São Cristóvão, PSV, Barcelona, Real Madrid... Não sei porque não foi para
frente. Tudo pode ser feito, mas tem que ser conversado. Mas acredito que a
vida dele hoje é na Espanha - afirma João Machado.
Segundo o
cartola, as portas estão e sempre estarão abertas ao Fenômeno para qualquer
tipo de ajuda: desde uma simples visita até a sede na Figueira de Melo ou, de
repente, uma parceria para a gestão do clube.
- Estamos de
portas abertas. Esperamos ele aqui. Se tiver uma parceria de qualquer
sentido... O São Cristóvão hoje até depende do Ronaldo. O Ronaldo hoje é
grande, e o São Cristóvão está "pequenininho". Se quiser ser o
gestor, trazer o marketing dele para cá... Se quiser fazer um novo clube aqui
no Brasil, estamos aqui para fazer novos "Ronaldos".
Funcionário
mais antigo em atividade no São Cristóvão, o diretor Renato Campos acompanhou
os primeiros passos de Ronaldo no clube e foi, inclusive, o responsável por
criar a frase "Aqui nasceu o Fenômeno", que fica no muro interno do
Estádio Ronaldo Nazário, fundado em 1916 e considerado o mais antigo do Rio de
Janeiro.
Estádio que,
aliás, foi rebatizado em homenagem ao ex-atacante em 2013, mas que sequer pode
receber jogos devido à falta dos laudos do Corpo de Bombeiros e da Vigilância
Sanitária - atualmente, o clube manda suas partidas na Rua Bariri, do Olaria,
graças a uma permuta feita pela diretoria do São Cristóvão, que, em troca,
permite treinos da base do rival na sua sede náutica.
São Cristóvão Campeão carioca de 1926
Parreira nos tempos de São Cristóvão; ele iniciou a carreira como prepador físico no clube — Foto: Gustavo Garcia
Renato Campos encontrou Ronaldo pela última vez em São Cristóvão — Foto: Gustavo Garcia
Clube se orgulha da conquista do Campeonato Carioca de 1926 — Foto: Gustavo Garcia
Estádio do São Cristóvão está interditado para jogos oficiais por conta da falta de estrutura — Foto: Gustavo Garcia
Fonte: G1
Boa tarde, gostaria de comprar a camisa oficial do clube cadete, como é que eu faco? Muito obrigado! Abraços do Jorge Cezar.
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