domingo, 21 de outubro de 2018

LUISINHO FAZ CRÍTICAS E REVELA MÁGOA COM RICARDO BARRETO: "TORCEU CONTRA"



Em entrevista ao site do America técnico afirma que ex-coordenador torcia contra

Autor: Redação FutRio / Fotos: Gabriel Andrezo (FutRio), Márcio Menezes (America) e Carlos Júnior (FutRio)

O America já trabalha para montar o seu elenco, visando a Seletiva do Campeonato Carioca, mas alguns resquícios da Série B1 continuam. Apesar de muitos acreditarem que o título da Segundona deixou uma alegria imensa no clube, algumas arestas acabaram ficando entre membros da comissão técnica e dirigentes. E que revelou isso foi o treinador Luisinho Lemos.

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Em entrevista ao site oficial do clube, o treinador, que seguirá no cargo, revelou certa mágoa com Ricardo Barreto, ex-coordenador de futebol do America, que foi demitido um dia após a conquista do título. Luisinho Lemos afirmou que o ex-dirigente do clube chegou a pedir a sua demissão, mas não o informou nada, revelou que Barreto chegou a levar dois treinadores para assistir um jogo-treino no Giulite Coutinho e foi contra o esquema com três zagueiros. Confira a entrevista completa.

Site oficial do America: Apesar do sucesso na Série B1, o caminho não teve apenas flores. O que te entristeceu nesta trajetória?

Luisinho Lemos: Ficou uma tristeza, uma mágoa grande com o Ricardo Barreto. Isso eu não posso negar. Foi uma pessoa, dentro de casa, jogando contra.

Site oficial do America: O que houve exatamente?

Luisinho Lemos: Vou voltar ao início. Na chegada, tivemos uma fase de observação para escolher atletas. Após quatro dias e mais de 100 jogadores analisados, ficaram dois - William Chrispim e Carlos Alberto. Depois, formamos um time muito bom, com a participação de todos. Ricardo trouxe alguns bons valores e a diretoria trouxe outros. Por exemplo: dos 11 que começaram a final, quatro vieram através do Barreto e sete por intermédio da direção. Logo, ele tem méritos, claro, mas não são só dele, não. No entanto, ficou a impressão durante o trabalho que ele não deve ter gostado muito de ver o America bem, pois sempre falou muitas coisas sobre mim, mas não pra gente de dentro do clube e sim para pessoas de fora. Só que, no mundo da bola, todo mundo sabe de tudo. Fui muito criticado pelas costas, ao ponto dele pedir a minha saída. Achei uma grande falta de respeito, de ética e de consideração porque me dava bem com todos no nosso grupo, bem coeso e unido. Unimos um elenco inteiro colocando o America em primeiro lugar.

Site oficial do America: Como coordenador, ele tinha a função - pelo organograma - de te auxiliar, assistir jogos, dialogar com o técnico. Isso não ocorria?

Luisinho Lemos: Não, eu até estranhei. Quando assumi, em reunião com a diretoria e a comissão técnica, falei que meu trabalho estaria focado no campo. Disse ao Ricardo o quão importante seria a participação dele. Que viesse no intervalo, falasse comigo, passasse a sua análise dos jogos. Quatro olhos sempre enxergam melhor que dois. Isso, porém, nunca aconteceu. Inclusive, ele ia ver vários jogos e nunca me passava informações sobre os adversários. Acho que numa comissão técnica todos têm de trabalhar juntos. Isso me afetou um pouco, mas a minha experiência fez com que esses problemas não prejudicassem o grupo, embora eles soubessem que as coisas não andavam às mil maravilhas.

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Site oficial do America: Eles tinham ciência desse ruído?

Luisinho Lemos: Sim, e eu ficava chateado. Pô, pagamento em dia, bicho, ambiente maravilhoso... Tudo a favor. Tivemos uma fase excelente no primeiro turno e depois caímos, mas todos se recuperaram juntos, trabalhando, correndo atrás. Chegou a um ponto insustentável: no dia do jogo-treino com a Guiana, numa segunda-feira, ele levou dois outros treinadores ao nosso vestiário, atitude inadmissível. Tivemos três derrotas seguidas antes da volta com a Portuguesa, pela Copa Rio. Se naquele momento eu perdesse novamente, sair seria algo possível, faria parte do futebol. Porém, isso teria de ser feito cara a cara, com honestidade. Ganhamos o jogo, mas perdemos a classificação. Ficamos chateados, mas a direção optou pela permanência, o trabalho e o planejamento continuaram sendo feitos e culminaram com o titulo. Ele me chamou de ultrapassado, faltou com respeito ao meu trabalho.

Site oficial do America: Em que ele se baseava para dizer isso?

Luisinho Lemos: Minhas escolhas eram muito criticadas pelas costas. Sempre treinei em pelo menos três esquemas. Quando fomos pra Miguel Pereira, na pré-temporada, falei que usava três zagueiros em algumas oportunidades. Um dia poderia precisar, por que não? Utilizei muitas vezes os reservas assim nos coletivos. Contra o Tigres, no returno, vinha cheio de desfalques, especialmente no meio-campo. Falei pro Ricardo que ia colocar o 3-5-2 e ele disse, "Ah, isso não existe mais". Eu segui acreditando. Resultado: uma das nossas melhores partidas. Ganhamos todos os jogos dali em diante, com o esquema tido por ele como ultrapassado. Se você treina e o jogador aceita e confia, dá pra fazer. Faltou respeito com a minha pessoa. São 30 anos de Oriente Médio, Tive algumas passagens no Brasil, mas a maioria lá. Kuwait, Emirados Árabes, Catar, Omã... Quando tinha férias, era cada uma num país: Espanha, Inglaterra, Portugal, Escócia... Sempre me atualizei, graças a Deus. Conheço 57 países, muitos deles pelo America, como jogador. Na Europa, muita gente ainda faz essa opção, até mesmo 3-6-1, como fizemos, graças a qualidade dos nossos atletas.

Site oficial do America: Essa distância permaneceu até o fim da campanha?

Luisinho Lemos: Infelizmente, sim. Contra o Americano, reuni o grupo e disse: "Estamos onde todos queriam estar. Jogaremos uma preliminar do Brasileirão, com TV para todo o Brasil, em um grande estádio. Sabe qual a razão disso: pelo que vocês fizeram e porque é o America. E digo mais: lembram quando vocês perderam de três pra eles (jogo da Taça Santos Dumont) e que vocês disseram que queriam reencontrar o Americano na final? Tá aí". Ali eles se fecharam ainda mais pra ganhar, disseram que seriam os vitoriosos da decisão, cheios de vontade nos olhos. Acabei a preleção ali. Todos acreditavam, todos se uniram. Menos ele. Aí vem a premiação e os jogadores levantando o Marco Antônio Teixeira, que sempre teve a confiança dos atletas devido ao respeito que sempre mostrou por eles. Antes da primeira semifinal, sugeri que concentrássemos dois dias antes, na segunda. Todos toparam. Marco colocou a gente no hotel. Só não foi o grupo inteiro porque estava lotado. No dia seguinte, fomos pra Sampaio Corrêa. Ficamos numa fazendinha, pescamos, rimos, nos unimos... No fim das contas, foi neste jogo que praticamente selamos o acesso.

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Site oficial do America: Isso realmente te entristece, não? Você considera que ele foi a pessoa que saiu perdendo?

Luisinho Lemos: Muito, mas ele procurou isso e se afastou. Não se uniu a um grupo de trabalho maravilhoso porque não quis. Não tiro o mérito dele, nos ajudou nas contratações. Após a final, todos se abraçando após o título e eu não o via. Jantou sozinho em viagens. Soubemos que ameaçou funcionários, era agressivo com os mais humildes, dizia que iria fazer uma "limpa" em vários setores sobre os quais ele sequer tinha ascendência. Teria sido bem aceito por todos, mas não poderia, nunca, fazer o que fez. Estou magoado, muita gente me falou as coisas que ele disse sobre mim. Contra o Audax, um torcedor veio me dizer, após a partida, que ele estava na arquibancada dizendo que eu tinha de sair. Não sei se ele falava na hora errada, mas tenho provas desses atos. Uma pena. Unido conosco teria sido bom pra ele também, mas não estragou nada porque a nossa corrente era muito forte.

Site oficial do America: Luisinho, você já tem um ponto de partida importante: a renovação de 14 contratos da equipe campeã estadual da Série B1. Ficou satisfeito com a medida?

Luisinho Lemos: Muito satisfeito. Fizemos um planejamento no início da temporada e alcançamos nosso objetivo, que era colocar o time de volta à Primeira Divisão. Nos reunimos depois da final contra o Americano e acertamos, desde aquele momento, que daríamos prioridade a esse grupo que subiu, que é muito bom, unido e de qualidade.

Site oficial do America: Nove dos 11 titulares, até o momento, seguem no clube. Isso é uma base considerável para que você atinja os objetivos do trabalho mais rapidamente?

Luisinho Lemos: Isso é muito importante, pois temos atletas que já conhecem os nossos métodos. Me dá uma condição boa de trabalho, uso algumas variações táticas e eles já as conhecem. Ainda há reforços chegando e alguns jogadores da base que podem subir.

Site oficial do America: O trabalho de base do clube tem sido muito bom este ano. Pode dar frutos para o profissional?

Luisinho Lemos: Observei bastante esses meninos, muitos treinavam conosco e jogavam com o sub-20. Nossa base é muito boa. Conversei com Sidney (Santana, presidente) e Marco Antônio (Teixeira, diretor) sobre isso e vamos falar com a comissão técnica do sub-20 para ver com quem podemos contar. Acredito que pelo menos cinco atletas poderão nos ajudar.

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Site oficial do America: O nível da Seletiva já é mais forte do que o da Série B1. Qual é o perfil dos reforços que já trouxemos e dos que ainda podem se somar ao grupo?

Luisinho Lemos: Temos de escolher bem. Indispensável ter boa técnica, ser disciplinado taticamente. Para entrar num grupo como esse tem de ter muita raça, gostar de treinar e querer vencer aqui. Estamos analisando muitos nomes, já fechamos com alguns e, felizmente, há muita gente querendo jogar conosco. Eu que sou America desde sempre, penso num America vencedor. Esse espírito tem de vir junto com todos os que chegarem.

Site oficial do America: Agora, olhando para o futuro, como estão as tuas expectativas?

Luisinho Lemos: Nosso foco é realizar uma bela Seletiva, que é um campeonato único e peculiar, chegar e ficar na Primeira Divisão, com os grandes, no lugar que sempre foi do America, que não pode deixar, nunca, de ter um espírito vencedor. 


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