domingo, 12 de março de 2017

CAMPOS-RJ SEM governo e fora do rumo!!

Colapso na saúde, cargos de confiança da prefeitura acolhendo parentes, namoradas e concubinas da corte: é o pior traço da política velha

Por Caio Vianna


















Desde que se consumou o resultado das eleições de outubro do ano passado na cidade de Campos dos Goytacazes, elegendo-se como prefeito o ex-vereador Rafael Diniz, tenho procurado adotar uma postura discreta diante da atual administração iniciada no dia primeiro de janeiro de 2017. Já se vão quase três meses de governo e aproxima-se a chegada dos 100 dias.
Como é de conhecimento público, disputei aquele pleito majoritário como candidato pelo PDT, com apoio de vários partidos e diferentes segmentos da sociedade. Fui o terceiro colocado em um pleito até hoje conspurcado por denúncias de irregularidades que são objetos de Ações Judiciais de Investigação Eleitoral.
NA IMAGEM ACIMA Rafael Diniz em visita ao Hospital Ferreira Machado: pacientes continuam nos corredores das unidades, convivendo com falta de medicamentos, insumos básicos e materiais de limpeza.
Meu silêncio voluntário, no entanto, não cria obstáculos às observações sobre a rotina administrativa. Diante da gravidade dos acontecimentos locais o silêncio cessa. Pela seguinte razão: a situação caótica na saúde, na limpeza pública, na educação, assim como o descontrole gerencial é de estarrecer. Inevitavelmente a discrição é substituída pela insatisfação.
Para um governo que em campanha criou expectativas de retirar pacientes dos corredores de hospitais e acomodá-los em enfermarias, promover a transparência pública, gerar empregos e fazer tudo diferente de uma administração que terminava sob críticas intensas e potencializadas por cabos eleitorais em redes sociais, o que se verifica é uma frustração. A cidade literalmente estagnou. Tornou-se feudo de uma turma habituada a sugar do poder público uma renda complementar para custear festas, jantares e viagens. Fazem sem o menor pudor, expondo tudo em redes sociais. Quanta desordem em tão pouco tempo! É inacreditável.

SERIA CÔMICO SE NÃO FOSSE TRÁGICO Vereador governista Claudio Andrade leva material de limpeza para o Hospital Geral de Guarus, em Campos-RJ, na tentativa de conter a revolta de pacientes. Neste mesmo dia uma mulher aos gritos nos corredores denunciava a morte de um parente e afirmava que nos banheiros da unidade faltavam até papel higiênico. O vereador tentou faturar um flash, mas deixou a demonstração inequívoca do vazio de poder. Falta governo, mas não falta quem queira assumir o comando no curso de uma tragédia
O governo resgatou as piores práticas da política velha. Lançou-se ao toma lá da cá. Já nasceu desbotado. Ao mesmo tempo assistimos pacientes do Sistema Único de Saúde sem remédios, com falta de atendimento médico, denunciado carência de insumos básicos como detergente e papel higiênicos em hospitais. É inadmissível que o portal da transparência esteja fora do ar, omitindo informações sobre arrecadação, como não se explica o descontrole na folha de pagamento, que cedo ou tarde, estará ultrapassando o limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
É uma bomba relógio. A folha de pagamento só com cargos comissionados vai gerar um custo de R$ 70 milhões anuais para os contribuintes, o que corresponde a 5% do orçamento municipal. É uma engenharia administrativa, diga-se de passagem, do atual governo. São cargos que abrigam amigos, esposas e (há quem diga) concubinas dos amiguinhos da corte. É uma autêntica orgia com dinheiro público.
Ainda assim o prefeito afronta o bom senso pedindo um ano de tolerância para arrumar o desgoverno. Cabe-nos responder: É muito tempo prefeito! Pacientes em corredores de hospitais, crianças que consomem leites especiais, alunos da rede pública e a sociedade como um todo não tem tempo a perder. Em minutos perde-se uma vida. Imagina em 12 meses. Quem é médico sabe do que estou falando.
Por outro lado, aventureiros alçados aos cargos decisórios acenam com a possibilidade de cortar programas sociais no momento de crise econômica. Como se não bastasse a paralisia da economia local em decorrência da inadimplência com pequenos fornecedores. O calote escancarado matou o fluxo de renda. O retrato deste cenário é o fechamento de lojas na área central, o desemprego e queda na arrecadação própria.
Não há o que argumentar. Responsabilizar antecessores tornou-se ladainha carcomida. Não cabe ao governante olhar para o passado tentando criar a imagem do caos. Esta fórmula desgastou-se.
Todos nós que disputamos a prefeitura tínhamos a real consciência do cenário com o qual iriamos nos defrontar e todos os postulantes demonstravam ter a fórmula para enfrentar o cenário adverso. Afinal, era uma disputa pela prefeitura e não uma passagem para passear na Disney.
O prefeito Rafael Diniz, com quem cheguei a conversar antes da campanha eleitoral, revela-se um inapto para o exercício da função pública. Demonstra uma total apatia ante aos acontecimentos. Falta-lhe espírito de liderança, firmeza nas decisões e agora popularidade, porque a população começa a extravasar a frustração. A cidade não tem prefeito. Passa a impressão de preposto do governo de São João da Barra.
Urge um choque de gestão. Ele deve começar por algo primário, reduzindo o salário de todos os cargos comissionados na ordem de 30% como medida de austeridade e garantia dos programas sociais para a população mais pobre. Não se pode tirar R$ 200 de uma família de baixa renda, mantendo um secretariado ganhando R$ 10.500 numa cidade em que o salário médio é de R$ 2000. Precisa entender que governo não é uma ação entre amigos. É uma atividade complexa em que a competência deve sobrepujar os laços de sangue e outras afinidades.
Diante da gestão caótica no setor de saúde, não se deve titubear diante da necessidade de mudar. Governo que não decide fracassa. É hora de governar. Torço para que isso aconteça o quanto antes. A paciência do campista esgotou.
Fonte: Viu!!

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